A carta da torre no Tarot tem um simbolismo muito interessante.
Ela representa a queda dos segredos, das sujeiras e ambições dos homens escondidas sob um manto de pedras, riquezas e distração.
Cresce tanto até não se sustentar e desmorona. As sujeiras que escondeu desce às entranhas da terra que as transmuta e como num arroto de um vulcão as devolve em fogo até virarem cinzas de renovação.
Somos obrigados a perder tudo que construímos na torre. Paramos por força de nossas próprias ambições e falta de escrúpulos e limites. De fato, somos parados pela força contrária que chamamos de ira dos deuses.
Nosso demônio interior que nos cobra, como a carta que vem antes da Torre no tarot é tão obviamente a carta do Diabo.
Após a pandemia que evidenciou o medo e ingenuidade humanas, desnudou máscaras de hipocrisia e egoísmo, agora vemos as imagens de um país chamuscado pelo fogo das bombas na guerra.
Diabo e Torre seguem juntas. Nenhuma terra é cobiçada e destruída se não tiver alguma riqueza ou ocultar muitos segredos das sujeiras humanas em qualquer guerra.
E quando a torre cai, cai sobre os homens ao seu redor.
A poeira se estende por todo planeta. As cinzas são para todos. Não termina ali. Cada grupo terá que “oferecer um sacrifício” para acalmar a ira dos deuses. Deuses que são os cobradores dos impostos que não pagamos por acumular e nos refastelar em tantos desejos as custas de qualquer um.
Não se trata de deuses e demônios como pecado e redenção, palavras que mais disfarçam que clareiam. São aspectos humanos disfarçados sob nomes abstratos. Mas quando a torre cai e a terra arrota, isso é bem concreto.
O que vem depois: chorar os mortos como a estátua de Pietá e olhar para as estrelas rendidos a espera de um milagre que só chega se realmente nos transformarmos. O amor regozija, mas a dor transforma.
(Silvana Garcia)