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Ter filho é para quem já sabe amar

Está esperando viver num mundo menos neurótico? Esqueça. Enquanto pais, especialmente a mãe até os dois anos e o pai em seguida não forem muito disponíveis em todos os sentidos para a criança, não haverá adultos bem resolvidos no futuro. Alguns mamíferos nascem andando, mas o sistema nervoso do ser humano leva ainda os primeiros anos de vida para se formar. Portanto, se a mãe é muito problemática emocionalmente não tem habilidade, competência, recursos ou ajuda, se prioriza cuidar de sua família de origem ou carreira e se o pai não provê financeiramente a esposa para cuidar bem e apenas da criança nos dois primeiros anos, se é muito problemático emocionalmente ou incompetente, pelo bem da humanidade futura, deixem para outros a função de procriar. Este mundo já tem neuróticos demais!

Nem todos têm o mínimo necessário para serem bons pais. E ser pais por vaidade, por necessidade, por sentir-se obrigado, achar que filho é para cuidar de você na velhice, é para ”consolidar” casamento, para ter herdeiros, para substituir um cônjuge de verdade, para preencher sua solidão ou vazio existencial, para justificar ficar só em casa até a adolescência de filho e depois estar totalmente fora do mercado e outras ignorâncias, poupe o mundo de um próximo infeliz neurótico e abusado desde a infância.

Filhos são para pessoas que amam crianças e têm maturidade emocional para educá-las. Exige amor, desprendimento, inteligência, ter cooperação, respeito da mãe pelo pai da criança e vice-versa, paciência, generosidade, recursos financeiros suficientes para prover as necessidades básicas, trabalho constante sobre si mesmo para ser cada dia uma pessoa melhor e dar bons exemplos, incluir todos os avós, na medida do possível, na vida da criança, possibilitar contato da criança com toda a família, facilitar a socialização dela com o mundo, enfim: nem preparação para entrar em faculdade de medicina, exame da OAB, passar em concurso é mais difícil do que ter os recursos e habilidades para ser pai e mãe. Portanto, precisamos ter consciência de que o mundo precisa de seres humanos mais bem criados, senão não haverá futuro feliz.

Em 20 anos de atendimentos psicológicos, cerca de oito atendimentos por dia, incontáveis entrevistas, fiz uma estatística informal da história de vida destas pessoas e posso garantir fatos muito tristes: cerca de 70 % sofreram algum grau de abuso sexual na infância (homens ou mulheres) por ação ou negligência dos pais, 50% tiveram sérios problemas na escola e 100% tiveram problemas com os pais. Uns 90% procuram terapia por problemas de relacionamento, destes 80% são mulheres. Dos homens, metade eram homossexuais. Sim, pode-se dizer que a amostragem não contempla o real, pois um número muito pequeno de pessoas tem acesso a terapia, mas não significa que quem não procura não tenha problema, pelo contrário, a maioria absoluta que não procura tem até muito mais problemas, apenas não tem recursos ou consciência. Este é o mundo real em que vivemos. Não é um conto de fadas. Ter filhos é para quem já sabe amar muito e tem o mínimo necessário em todos os sentidos para cuidar e educar um ser humano. É a função mais importante da vida de uma pessoa. É o futuro da humanidade.

(Silvana Garcia)

Silvana Garcia

Silvana Garcia

Silvana Garcia é uma das fundadoras e administradora da Essencial terapias. É psicóloga com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de São Carlos, especialização em Logoterapia e Análise Transacional, Maestria em novas constelações familiares.

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