Existir é um presente. Ganhamos a vida, o ar, a água. Cuidamos do que comemos. Tendo professores que ensinam seus ofícios, descobrimos nossos talentos e aprimoramos tecnologias, criamos as artes e culturas.
É natural no ser humano se desenvolver.
Não é natural se matar para viver.
No passado, haviam as castas. As pessoas ditas inferiores não podiam aprender, nem se vestir como as outras classes. Assim as mantinham ignorantes de que elas também podiam se desenvolver. E puniam os que tentavam despertar os de seu grupo, os assim chamados rebeldes eram destruídos publicamente.
O que não mudou hoje em dia?
Tente pensar diferente dos grupos dominantes para ver como é excluído.
Um juiz veste sua toga e esmaga quem questiona seus atos.
Um acadêmico usa suas palavras difíceis e humilha quem não ostenta diplomas.
O que mudou?
Quando as pessoas se escondem atrás de roupas extravagantes e posam de artistas, mas são medíocres em sua arte. Ou fazem dívidas enormes para comprar carros e roupas de grife, elas realmente mudaram?
Quando as pessoas fazem cursos breves ou usam o google para posar de especialistas.
A ânsia de produzir para ter. Ter para parecer como os outros que inveja as torna como eles?
E quanto mais produz, consome, mais beneficia as classes dominantes.
O efeito colateral disso é que gente demais, ignorante demais destrói o planeta. Aí os dominantes inventam guerras com facões, tanques, bombas ou vírus e exterminam os jovens homens, diminuindo a natalidade. E os que voltam, vagam loucos por aí. As mulheres e filhos desprotegidos, seguem infelizes e destruídos. É assim desde que o mundo é mundo. As regiões com conflitos são a maioria no planeta sempre.
As redes sociais são o portfólio das “donas baratinhas que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha” com seus corpos bombados ou torneados fazendo poses. As esposas dos empresários ou escravos mais chics do sistema postam seu “dolce far niente” em belas paisagens. As de periferia postam no espelho mesmo.
Alguns índios ainda lutam por suas terras, mas desde que tenham torres de celular. Os últimos guerreiros morreram com suas flechas.
Ninguém é dono da terra. Nem de seus corpos. O mais esperto maléfico usa roupas de médico, padre, juiz para perpetrar os piores abusos. Os doutores da ciência e das leis usam sua eficiência para dizimar. E todos dirão que é para nosso bem.
A grande massa de escravos que hoje finge que não é segue indo para abatedouros. E até os rebeldes hoje são fakes, apenas rasgam seus jeans e posam de intelectuais. Se leram um livro, foi muito. Passam uma vida se ocupando de nada. De nada mesmo, uma vez que nada mudou em essência desde que o mundo é mundo.
É tão fácil ser arrastado pela massa. É tão fácil ser massa de manobra. Viver de ilusões. E se for infeliz, não busque seus talentos para se desenvolver e espiritualmente crescer e devolver um pouco do muito que recebeu da vida. Tome o último fármaco miraculoso. Se for pobre, tem uma plantinha que faz um chá mágico e te leva à terra dos avatares supra conscientes.
Não há terra que será suficiente diante de tanta ganância na ânsia de parecer que não é escravo. O plástico, o lixo químico industrial já poluiu dos abismos dos oceanos até a estratosfera.
O que fazer? Viva sua vida com simplicidade. Desenvolva seus dons com aqueles que realmente são mestres em seus ofícios. Não se iluda com diplomas e vestes. Não se mate até a aposentadoria ou viva da renda de alguém que explora os outros. Se não manifestar seus talentos, seu vir-a-ser, sua vida será miserável, não importa a classe que nascer. Estar presente é estar vivo, não produtivo para os interesses alheios. A presença é algo que ocorre dentro de você, não fora.
(Silvana Garcia)
