Estudei e pratiquei o tema da mediunidade por uns 30 anos.
Mediunidade é exatamente a sensibilidade da percepção de tudo que existe para além de nossos olhos. Tem gente que mesmo com o olho aberto, não vê um palmo diante do nariz. Mas pior, hoje tem gente que “canaliza” tudo. Lê uns livros de auto ajuda e sai canalizando tudo quanto é “mestre”. Vê lá se mestre não tem mais o que fazer do que falar o óbvio.
A pessoa pode entrar em estados alterados e trazer lindas informações de seu inconsciente, escrever e assinar seu nome. Mas pode também estudar muito e escrever muito bem totalmente lúcida. O que não precisa é droga nenhuma para entrar em estado alterado, nem de estado alterado para escrever coisas boas.
O mesmo quando um constelador une parapsicologia, vidas passadas com a abordagem sistêmica. Para mim, isso é perigoso e desnecessário. Melhor é usar o nome certo para o que faz. Não colocar a palavra constelação na frente ou sistêmica atrás de qualquer palavra para “pegar carona na moda” ou querer valorizar mais aquilo que faz.
Somos médiuns, todos somos meios de muitas coisas. E usamos muitas ferramentas, desde abrir a Bíblia para ouvir uma mensagem de Deus, abrir o tarô para ver o oculto ou uma constelação para vivenciar o campo de informações de um indivíduo e seu sistema familiar.
Escolhemos sim em que meio viver e que mensagens ouvir e retransmitir. Quanto mais conhecimento, mais discernimento do que ver, prestar atenção, captar e repassar. Quem tem desequilíbrios mentais ou vaidade só canaliza “seres de luz”. Chico Xavier ouvia todo tipo de informação e filtrava. É como um bom jornalista: não precisa chocar para ter audiência. Não precisa se esconder atrás de outros nomes.
Um bom constelador capta muitos campos, mas não precisa falar japonês e árabe para trazer o essencial do passado.
Um parapsicologo, um espírita não precisa achar que tudo é espírito se comunicando.
Diz um ditado que: “para quem só tem martelo, todo parafuso é prego.”
Conhecimento que se adquire por meio de boas e variadas leituras e auto conhecimento que se adquire por meio de muitos cursos e terapias é fundamental para chegar ao essencial. O essencial é simples, mas não podemos achar que simples é ser simplista.
Expresso minha opinião sem julgar ninguém que pense diferente. Não crítico quem faz nada disso. É problema deles, não meu. Mas posso convidar a pensar: que meios estamos retransmitindo? Qual dial sintonizamos? Estamos ouvindo seres mais evoluídos ou nos disfarçando como se fôssemos?
(Silvana Garcia)