Nossa força relacional é praticamente tudo na espécie humana.
Gente gosta de gente. Ou pelo menos, precisa tentar gostar para viver em sociedade.
Ouvimos de alguns: prefiro os animais aos homens, são mais sinceros.
Eu diria: os animais são mais instintivos e reativos. Também precisamos aprender sobre eles para vivermos bem com eles. O ser humano, no entanto, é mais complexo. Finge, engana a si próprio e aos outros. Desenvolve inúmeras estratégias de sobrevivência, mas chama isso de amor, cuidado, proteção. Muitas vezes, isso é mentira. É apenas manipulação, egoísmo e sobrevivência.
Pais fazem isso. Filhos também. Ninguém é perfeito e isento de interesses próprios em qualquer relação.
Inventam conceitos “éticos” e desqualificam quem não se encaixa. E o ingênuo, a criança acredita mais naquele que se impõe do que na percepção que traz dentro de si. Neurologia nenhuma explicou ainda porque alguns seres humanos se mostram mais evoluídos que outros. Talvez porque isso não está no cérebro.
Dizemos: “Meu pai não mentiria para mim”, mas desconfiamos facilmente que nossos filhos mentem. Ou: “Se eu não minto, meu filho também não mente”. E já vimos que tudo isso é ilusão.
Nossos filhos são nossa responsabilidade, devemos educar e cuidar até que cheguem a certa autonomia. Mas isso é só polir. O material do qual eles são feitos será sempre espiritual, não só genético, nem modelado. Até o fim, estaremos aprendendo a nos relacionar com cada ser humano, tão único e misterioso.
(Silvana Garcia)