Escolher um lado de qualquer coisa é separar. O que escolhi é bom, melhor, certo e defenderei isso. Para outros, que escolheram diferente de mim, sou o oposto do que acredito.
Talvez a melhor frase sistêmica seja: “Eu escolho viver MINHA vida em harmonia e respeito com TODA a natureza.”
Isso traria paz e felicidade.
Se cada UM escolhesse o que faz TODOS ficarem bem, não haveria problemas.
Então esse seria o objetivo de toda administração: O que faz todos ficarem bem na direção de viver em harmonia e respeito com todos?
Dizem que nos mundos mais desenvolvidos espiritualmente há um governo único. Lá estão os que já vibram de forma elevada porque já aprenderam e cresceram o suficiente para compreender que não há sentido na separação.
Precisaram passar por todo este sofrimento da separação para entender o valor da união? Talvez. Teria outro modo? Quem sabe…
Basta olhar a ajuda que surge de todo lado na dor de uma guerra que compreendemos que isso parece funcionar. Estas pessoas têm a chance de elevar sua humanidade.
Mas aquele que faz o dano e separa também sofreu. Por que não aprendeu? Talvez porque ainda não foi o suficiente. Ou porque não recebeu a ajuda na sua dor, então não sabe o valor da união. O tempo ensina. A alma seguirá de dimensão em dimensão até este ser se abrir, receber e voltar a dar para viver nesta harmonia.
Da reconciliação de opostos ocorre um salto quântico evolutivo.
Assim, a cada oportunidade que encontrarmos alguém que ainda se vê separado, que possamos olhar como se fossemos um com ele.
Não é o que dizem tantos? Que somos todos um?
Na prática isso significa que somos um com o jacaré, com o leão e com todos agressores humanos.
Não vamos na selva na ideia de que um leão não nos comeria se estivesse com fome, não é? Mas eles não comem os humanos que os trataram bem desde novos ou os ajudaram numa necessidade.
Já pensaram se numa guerra, o povo atacado pelo povo vizinho levantasse cartazes de “Amamos vocês vizinhos. Nossa casa é sua casa.”
Pareceria até piada.
O que eles fariam? Tomariam a casa dos outros? Ou se hospedariam e conheceriam o diferente?
Seria esse o significado de “dar a outra face?”
Se todos se dessem as mãos e dissessem: “Fiquem em paz aqui. Aprendam o que precisarem conosco. Amanhã iremos à casa de vocês e se nos receberem do mesmo modo, descobriremos juntos que reconciliar opostos não precisa gerar sofrimento.”
Utopia? Grandes mestres já nos ensinam isso há séculos. Onde vivem mestres bem pode mesmo ter um governo único.
Como queremos estar entre eles, se ainda não adquirimos nossas vestes nupciais que simbolizam a pureza de nosso interior?
É mais fácil odiar com nossas razões do que agir de acordo com os ideais mais elevados?
Ou finalmente “passar de ano” e sair do jardim da infância instintivo/emocional que nos faz reagir como bichos do que agir com humanidade.
Se você, como eu e a maioria de nós ainda não consegue dar a outra face, não venha com frases de efeito ” Somos todos um” e nas entrelinhas: ” desde que você seja como eu”.
No momento, a única frase verdadeira é: “Somos todos um…bando de agressores”.
Não merecemos herdar a terra porque destruímos a terra. Não merecemos novos mestres porque não ouvimos nem os antigos (que inclusive matamos).
Quantos mundos inferiores têm para cairmos? Qual será o fundo do poço?
(Silvana Garcia)