Julgar é ser o verdugo, algoz, perseguidor, acusador de outrem. O julgamento sempre é baseado em uma percepção dos fatos, crenças, sentimentos e experiências passadas do julgador.
Nunca um julgamento é imparcial. A justiça é baseada em leis elaboradas por homens com suas percepções coletivas numa determinada cultura e contexto sócio-histórico. Apenas a estes cabe julgar.
A justiça é um acordo feito por homens que concordam e estabelecem que algo é o certo. Certo para quem? Para eles, é claro. Trata de conveniências e interesses.
Quem tem o direito de julgar o outro? Ninguém. Ninguém é dono de todo conhecimento. Toda observação dos fatos já é tendenciosa em si. Tende para aquilo que o observador consegue ver.
Quem tem o direito de aplicar a justiça? Ninguém. Ninguém é tão frio a ponto de executar o outro sem falhar. A ninguém deveria ser dada tal tarefa desumana.
Ninguém é superior e perfeito para poder julgar alguém. Quem julga sempre erra porque o julgar em si já é um erro. Se todas as pessoas olhassem com respeito e dignidade para cada ser vivo, não seria necessário julgar ou excluir alguém da sociedade. Toda loucura, crime e castigo se origina na falta de respeito pela humanidade do outro. Se nos ocupássemos de ser modelos de respeito, dignidade e afeto desde a concepção de um ser vivo, provavelmente ele assim se tornaria.
Os criminosos acabam por cair nas mãos da justiça muitas vezes. Mas em outras, saem livres. Tantos outros, permanecem presos por nada. Precisamos da justiça no mundo em que vivemos hoje, mas isso por si só já é uma lástima da condição humana.
(Silvana Garcia)