“A beleza, uma vez vista, jamais é esquecida”, com postei na minha foto olhando para o encontro do céu e mar. A beleza estava na natureza. Mas meus olhos refletiam isso, como se ficassem encharcados daquele infinito azul/verde estonteante.
De fato, assim é. Somos tomados pela beleza. Até numa poesia, na combinação de palavras. Pelos acordes de uma música, pelo canto dos pássaros ou por uma voz de veludo. Ao tocar uma seda, o pelo de um animal, a pele de um bebê ou de uma pessoa querida. Quando olhamos a chuva, a neve, o sol, a lua, as estrelas e tudo que a natureza faz brotar incessantemente ficamos “pálidos de espanto” como diz um poeta.
Todo dia somos agraciados com tudo isso. Escolhemos o que olhar, tocar, ouvir, sentir. Por onde caminhar ou em que trabalhamos. O que criamos ou contemplamos?
Nos tornamos um pouco de tudo que nos toca quando nossos sentidos são alcançados pela beleza. Podemos passar o dia todo sem ver o céu presos num escritório ou quarto. Fatalmente adoeceremos. Não é só a falta de nutrientes que mata. A falta do belo também.
A feiura das palavras, o grotesco da maquiagem, o ridículo das roupas, o barulho do rádio que insistem em chamar de arte. Se algo nos choca não é arte, é a expressão do sofrimento. Como uma tatuagem cicatrizando as feridas de um corpo.
O excesso da dor nos torna insensíveis a tudo. Deixamos de identificar o que nos eleva. Nos tornamos o lixo que nos cerca.
A beleza nos cura dos males da alma. Nos lembra de alguma perfeição divina. Nos torna humanos.
Quando adoecemos, é a nossa essência nos convidando para tirarmos a beleza para dançar novamente.
(Silvana Garcia)