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Olhar a cegueira antes de ficarmos todos cegos

Muito mais comum do que se pensa, as crianças sofrem de abusos psicológicos (“Você é igual seu pai, nunca será nada na vida!”), abusos físicos (bater numa criança quando ela chora, sem entender que o choro é a forma dela se comunicar, uma vez que não tem o mesmo desenvolvimento cognitivo que um adulto) até abusos sexuais. Quem de nós, meninos ou meninas, não foi tocado de forma não autorizada (imagine-se no lugar do bebê que recebe beijos melados o dia todo até a criança manipulada demais na limpeza de suas partes íntimas) ou invadido na sua sexualidade.

Toda criança sofreu algum tipo de invasão em sua privacidade. Nem todos chegam a criar múltiplas personalidades, mas dissociam para sobreviver, esquecem o passado em algum lugar do inconsciente e seguem cegos aos abusos que seus filhos sofrem e inconscientemente continuam buscando abusadores na tentativa de despertar deste pesadelo.

Garotos frágeis são abusados por meninos mais velhos. Garotas carentes são abusadas por namorados e muitos foram abusados por pais, padrastos, irmãos e outros de fora da família. As pessoas omissas ao redor de um caso assim são exatamente as que “esqueceram” de seus próprios abusos, logo ficam cegas para o que ocorre ao redor. Ninguém é culpado. O próprio abusador dissociou por causa dos abusos que também sofreu. E, se não foi ele, foram seus ancestrais (a herança transgeracional já está mais que comprovada). Portanto, os pais e avós apesar de darem o melhor que podem, também passam o pior. E se quisermos filhos mais saudáveis num mundo melhor no futuro, precisamos parar de ficar discutindo a cor da rosa (beijo gay, cirurgias de mudança de sexo, etc.) e olhar para os abusos que sofremos e passamos adiante. Ali é a origem de tudo.

Há uma história que diz que dois homens estavam pescando e, de repente viram uma criança se afogando na correnteza do rio, pularam e salvaram. Dali a pouco, duas crianças, novamente eles pularam e salvaram. Dali a pouco três crianças, eles pularam e, com dificuldade salvaram. Dali a pouco quatro crianças, um deles pulou. O outro começou a andar na direção contra o fluxo do rio para ver por quê ou por quem as crianças estavam caindo ou sendo jogadas no rio! Está na hora de olhar mais além…

 

Silvana Garcia

Silvana Garcia

Silvana Garcia é uma das fundadoras e administradora da Essencial terapias. É psicóloga com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de São Carlos, especialização em Logoterapia e Análise Transacional, Maestria em novas constelações familiares.

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