Dizem: “Você vai ser feliz, mas antes a vida vai te ensinar a ser forte.”
As pessoas que estiveram no fundo do poço e conseguiram sair, saem mais fortes, mas também profundamente marcadas. Mais sensíveis também. Sair do poço não é sinal de que são vencedores, nem o fato daquilo ter possibilitado a elas serem vitoriosas em algo importante para elas. Mas, sair do poço, desenvolver a resiliência (capacidade de superar e transformar as frustrações da vida por meio de uma atitude) só são sinais de evolução quando a pessoa traz para todos sua história, quando denuncia maus-tratos, quando não busca culpados para se vingar, quando não agride os que fizeram bullying com ela e tão pouco, se coloca superior numa atitude de “perdoar ” os que fizeram mal a ela. Mas sim, denuncia, deixa que a justiça dos homens se responsabilize pelos que causam danos e inspira o mundo para uma nova visão dos fatos.
Diz um provérbio que: “o tolo não aprende nem com os próprios erros, o inteligente aprende com os próprios erros e o sábio aprende com o erro dos outros”.
Como podemos ser sábios, aprender com o erro dos outros, se aqueles que caem no fundo do poço não mostram tanto seu processo de queda, como de subida? Isso sim é um ato de resiliência. Contar para todos, sem mágoa, sem ódio, sem vergonha, sem interpretações, nem acusações sua história de resiliência.
Como Bert Hellinger diz, mais ou menos assim: coloque o sucesso sobre a mesa para que todos possam ver. Assim, todos poderão aprender com os erros e acertos dos outros.
E como aprendemos com as constelações: vítima e perpetrador estão a serviço de seus sistemas familiares, até que uma reconciliação cure a todos. Reconciliar não é calar, não é valorizar o sofrimento ou resiliência da vítima. É olhar a tudo como foi, aceitar o passado como foi, dar o lugar àquele que fez o dano e deixar com ele sua responsabilidade (não querer muda-lo, tão pouco perdoa-lo, afinal uns só despertam com as “más” ações de outros), cuidar de suas feridas e, por fim, depois de um bom tempo de trabalho pessoal, inspirar a outros contando sua história. Assim, abusados terão a possibilidade de não se transformarem em abusadores, nem vítimas, nem salvadores. O mundo não precisa de heróis, precisa de Adultos.