Uma frase que toca a alma: “As pessoas vão, mas o modo como elas foram sempre fica.” (Kupi Kaur)
Exatamente assim eu e muitos outros perceberam que várias pessoas evaporaram nos tempos idos e findos de 2020/2021.
Aquelas que se fizeram reféns de notícias ameaçadoras, algumas esdrúxulas, desapareceram de qualquer contato humano como se tivessem sido abduzidas. Assim como aqueles que tomados de assombro por seus medos acreditavam que estavam à beira do abismo. E, exatamente por crerem, correram para o abismo e elegeram o que concretizaria seus pesadelos. E assim tem sido.
Tudo aquilo do qual fugimos por medo, torna-se mais e mais real a cada dia, dado que alimentamos o monstro e ele cresce até nos engolir.
Tudo aquilo que olhamos de frente, mas com a devida distância, aprendemos, resolvemos, decidimos como agir, logo pode desaparecer. Não necessita mais nossa atenção.
Aquelas pessoas que tínhamos contato frequente e desapareceram na tumba que transformaram seus lares, foram embora de uma forma que não esquecemos.
Foram como se nada do que tivéssemos vivido com elas antes fosse real. O que ficou foi a poeira que levantaram quando saíram em debandada.
Só a poeira e aquela sensação de espanto. Como se esperássemos que fossem mais humanas. O medo inicial era uma justificativa, mas depois virou só uma desculpa indigna.
Com o tempo, agradecemos muito por esse “abandono”. Porque a presença delas é que era uma ilusão.
Pessoas corajosas permanecem próximas, se interessam em saber de você, contam para você e com você o que estão passando. Não se deixam alienar.
Pessoas apavoradas fogem da vida por medo da morte.
Então, depois de tantas máscaras que continuam caindo, isso acabou sendo um alívio.
Agora sabemos quem está em pé e seguindo e quem vive a margem e a espreita.
Melhor assim. Já sabemos que a forma como desapareceram demonstrou quem realmente eram e o quanto não se pode contar com quem não sustenta uma simples amizade.
Deve ser muito pior quando se trata de um casamento, uma sociedade em que, de repente, você descobre que estava ao lado de um inimigo. Depois do choque inicial, só resta agradecer o livramento.
(Silvana Garcia)