O nosso momento final chega a qualquer momento.
Estamos preparados?
Lembro que minha mãe tirava frequentemente todo enxoval de uma grande cômoda e lavava e engomava com esmero. Pouco usava. Dizia que nunca se sabe quando vamos morrer e o que pensariam os que viessem limpar a casa e ver como ela cuidava de seus bens.
Interessante visão. Talvez tivesse um pouco de orgulho. Mas também educação, limpeza, ordem e respeito.
Na época pensava: “Eu nem quero ter tanta roupa de cama assim”. Dava trabalho. Mas acumulei livros. Deram muito trabalho para comprar, ler e estudar. Já os estou passando adiante, como qualquer bem. São um peso. Já aproveitei muito.
Se ao envelhecer, nossa casa não diminui de tamanho, se ficam esperando que a gente morra para ficar com nossos bens, estamos pesados demais.
Aprendi com minha mãe, fazendo ora igual, ora diferente dela:
Use tudo em vida, com os que ama, passe adiante o extra.
Só tenha o dinheiro suficiente para viver com dignidade e conforto, nada que gere cobiça.
Lembre sempre da escada que te levará ao infinito, a sua essência divina. Não levamos ninguém conosco.
Mas as ações e frases que dissemos e tocaram almas nos darão asas. O amor que vivenciamos e já desapegamos nos darão força. Cada degrau ficará mais fácil e gentil conforme a paz e alegria que escolhemos viver em vida seja nossa única bagagem.
A ponte do arco-íris chegará para todos.
Nossos armários estarão vazios ou, pelo menos, com as roupas limpas?
(Silvana Garcia)