Uma pesquisa num presídio, revelou que 28 dos 33 entrevistados queriam matar o pai para proteger a mãe. O que nos faz refletir o quanto estes homens amaram suas mães. O quanto seus pais eram figuras que não os inspirava, muito pelo contrário. O quanto querendo excluí-los, tornaram-se iguais, agora presos. O quanto estão naquele amor/ódio infantil. Mais além, o quanto a sociedade não ajudou em nada. O quanto precisamos ter um outro olhar para a dor destes homens/ meninos que acabam por se tornar monstros porque os vemos assim depois de grandes. Se é que um dia cresceram…
Podemos ver os emaranhamentos sistêmicos por trás do que vemos superficialmente? Podemos olhar para além dos nossos julgamentos? Da mesma maneira que nenhuma menina diz que quer ser prostituta quando crescer, nenhum menino diz que quer ser traficante. A total omissão da sociedade, o horror dos lugares em que vivem é que levam a isso. A cegueira e indiferença de cada um de nós é que levam a isso. Nenhum deles é herói, nem vilão. Mas, graças ao “poder ” deste submundo sentem-se fortes pelo tempo que lhes resta. Fortes na fraqueza de suas vidas, em total concordância com seu destino. Agiríamos diferente no lugar deles? Conseguimos olhar para este lugar de nosso lugar?
(Silvana Garcia)