Recentemente, uma destas youtubers da “çienssa” fez um vídeo tentando acabar com as constelações. Não passou uma única informação verdadeira para concluir que não era ciência. Exatamente o óbvio. Não é a çienssa dela. Mas é filosofia. Filosofia corporificada eu diria. É retomar as sensações originais de amor e ordem no corpo, depósito das mais recônditas experiências e memórias humanas.
No corpo relembramos as forças do amor. A primeira é o vínculo, no sentido de pertencimento, conexão, de ligamento desde o óvulo ao sêmen, como as estruturas físicas, desde os átomos e moléculas que geram a vida. A segunda é a ordem, no sentido de hierarquia, sequência, imutável dado que não se pode inverter, um filho não nasce antes de um pai neste mundo. A terceira é o equilíbrio entre dar e receber. Também óbvia, uma vez que se só recebemos e nada damos, pesamos, logo precisa haver uma compensação sempre, tanto de ganhos, com o de danos. Daí nascem as leis humanas.
O ser humano ainda é um aprendiz destas forças, por isso tantas vezes cai na sua luta por tentar se sobrepor a natureza original. Quando ele se submete a estas forças, ele é apenas um sobrevivente, mas há vida para além desta submissão. Primeiro o ser humano necessita corporificar e é aí que entram as constelações, como um método de filosofia vivenciada, a possibilidade de ver isso em si e no outro que é um espelho de si e vice versa, usando o corpo para relembrar quem é e estas forças as quais está sujeito. Só então, depois de perceber que ele não é bem submisso à estas forças, mas parte delas, há compreensão. Pode-se dizer que as forças do amor que Hellinger, o descobridor desta experiência de corporificar a história (outros já tinham iniciado este processo, mas ele usou de forma terapêutica que nomeou como constelações familiares), terminam quando o humano não é mais um simples terráqueo, mas se reconhece como um ser cósmico que surge em essência na origem do universo. Então ele não está mais no estágio infantil, submisso, mas finalmente adulto. Até lá, muita dor e sofrimento acontece, dado que é uma criança engatinhando ainda. Precisa da ciência, da justiça, da educação. E como estas são feitas por humanos no estágio infantil como ele, contém muitos equívocos. Precisamos crescer muito ainda.
O fato de Bert Hellinger ter usado de forma terapêutica não vincula à psicologia. Tanto que seria uma especialização, eu diria mais que da filosofia, que poderia ser ligada à pós em psicologia, educação e direito, como já é e tem excelentes resultados, mas não quantitativos e sim qualitativos, dado que cada ser humano e sua experiência são únicos. Não replicável. É fenomenologia, observa -se e descreve-se. Mas o grande salto é que é vivencial. Aí está o grande sucesso e mérito das constelações e de Hellinger.
(Silvana Garcia)