Não guerrear não é aquela ideia mal interpretada de dar a outra face. Não é um discurso disfarçado de “vamos defender nossa terra” como se alguém fosse dono dela. Desde que o mundo é mundo, terra rica é explorada por ricos insaciáveis com suas armas e escravos.
A guerra é tão velha como quando o primeiro macaco levantou um osso para espantar outro ao defender sua banana.
A questão é que a ardilosidade aumentou com o tempo e a ganância de pessoas que não souberam o que era o amor que nutre e a paz que eleva, também.
Usamos de disfarces e eufemismos para ocultar o horror: guerra agora virou “conflito de interesses”, não chacina.
A coisa é mais simples: se seu vizinho resolver fazer da sua vida um inferno e subornar ou ter influência sobre quem colocaria ordem, coloque os que ama a seu lado e salve suas vidas pelo tempo que puder. Pé na estrada e recomece do zero.
Ah, mas aí os poderosos não encontrariam resistência e ocupariam tudo? Sim. Eles já o fazem.
Quem irá pará-los? Outro macaco de igual tamanho talvez. Mais provavelmente a própria estupidez que os leva a auto destruição sempre. O ápice da ganância é a cobra que engole o próprio rabo. A história conta sobre ascensão e queda de todos impérios.
Mas você, simples mortal, enquanto isso, viveria um dia por vez ao lado de quem ama.
Essa história de homem morrer defendendo pátria ou “salvar” mulheres e crianças jogando-as na estrada sem eira nem beira para matar os invasores ou morrer heroicamente já não cola mais.
E também não se trata das palavras bíblicas: “Os mansos herdarão a terra”. Esta é uma má tradução, a versão mais literal é: Aqueles que mantém sua espada embainhada herdarão a terra. O que isso significa: que a pessoa sabe lutar, apenas escolhe não lutar.
Em qualquer agressão ou conflito só existem perdedores. Não há diálogo quando um grupo já levantou a espada. Sábio é aquele que percebe logo os ventos da guerra chegando e parte antes. Este vive em paz.
(Silvana Garcia)