Li uma boa frase agora de Luísa Sahd:
“ A grande verdade é que perdoar é cômodo: você fica com a razão, o outro fica com o perdão e todo mundo sai feliz. A não ser que… o autor da burrada não faça a mínima questão de ser perdoado. Sobre o ditado que diz que errar é humano e perdoar é divino, dá para dizer que errar é humano e assumir o erro é divino. O resto é conversa fiada.”
Meu comentário:
Perdão é algo complexo.
Primeiro: ninguém é melhor que ninguém para perdoar.
Quem não tiver errado, que atire a primeira pedra, não é?
Se as pessoas nos ferem, nós é que tínhamos expectativas que foram frustradas. E se a pessoa nos enganou, nós que escolhemos acreditar.
Então, trabalhemos sobre nossa ingenuidade e não nos ocupemos do que o outro ainda não é capaz de nos dar.
Segundo: ninguém precisa ser perdoado, nem um criminoso. A pessoa precisa é assumir as consequências de seus atos. Só assim ela terá dignidade. E existem códigos de convivência, de moral, leis em todas culturas. A pessoa que comete um erro vai sofrer as consequências, quer queira, quer não. Um dia aprende a errar menos. Ser perdoada não muda esse fato para ela.
Até uma pessoa que cumpre sua pena na prisão, quando sai terá que lidar com a perda de confiança dos outros nela. São muitas as punições que ela sofrerá de uma forma ou outra.
E aquele que foi magoado ou ferido pelo outro, que siga menos ingênuo.
O único perdão que existe é o auto perdão.
Somos todos imperfeitos. Erramos muito. E se não rirmos de nossos erros tolos e aprendermos com os grandes, não nos desenvolvemos.
Diz um ditado: o homem perdoa às vezes. Deus, sempre. A vida nunca.
Logo, deixemos cada um com seus erros e acertos e sigamos menos ingênuos.
As pessoas fazem o que querem com nossos sentimentos e sentimos muito, é claro!
Mas deixá-las com o que é delas é o que podemos fazer porque cada um colherá o que planta sempre.
Como nós também colheremos.
Se ficarmos magoados, estamos plantando mágoas e colheremos um jardim de ofensas, depressão e orgulho ferido. Se ficarmos nos achando no direito de perdoar, plantamos a ilusão da arrogância ou da beatitude.
E se for algo muito ruim, deixemos com “Deus” ou o destino dessa pessoa que nos decepcionou que se encarreguem disso.
Nenhum ser humano está acima de outro para julgar, muito menos para perdoar.
E quem erra ao assumir todas as consequências, já começou a acertar. Perdoa-lo só lhe dá a falsa sensação de que não errou. Assim não aprende e não muda.
Tem outro ditado que diz: o burro não aprende com os próprios erros. O inteligente com os próprios erros. O sábio aprende com o erro dos outros.
Esperar que as pessoas ou nós não erremos é muita ingenuidade ou pretensão.
Portanto não nos ocupemos do perdão que pode ser divino, mas de errar cada dia menos. Ficar esperando perdão ou achar que tem que perdoar alguém que falhou ao invés de seguir adiante é perda de tempo.
Se erramos, seguimos adiante com o aprendizado.
Se erraram conosco, deixamos que cresçam com as consequências de seus erros.
Se for muito difícil conviver com isso, que nos afastemos para nos proteger de ficar plantando mágoas.
(Silvana Garcia)