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Do limão não se faz limonada sem o açúcar

A mulher Mary Fields deve ter sido muito submetida para das profundezas da dor descobrir uma força descomunal.

A mulher que não se enquadrava nos padrões nem de ex escravos, nem de mulheres.

Mas não seria a mulher que aceitaria qualquer observação desrespeitosa sobre seu gênero. Mesmo que hoje tentassem vê-la como qualquer coisa “trans” (que ao invés de incluir pessoas com certas características, virou um palavrão de ordem exclusora).

Uma mulher que sabia muito bem ser respeitada por qualquer um.

Tinha uma arma? Claro. Era um mundo perigoso. Vai saber em que matas entregava cartas! Protegia bem as suas.

Fumava? É claro. Vai saber quantos insetos tinha que espantar! Protegia bem os seus.

Bebia? Com certeza. Vai saber quantas dores e frio tinha que tratar.

Cuidava de amigas e crianças. Devia ser uma boa alma.

Essas são as pessoas que nunca são esquecidas.

Não porque se enquadram em grupos menores. Mas sim porque são grandes onde quer que nasçam e sob quaisquer condições adversas.

Do limão não se faz limonada sem o açúcar.

Da dor, não se faz a evolução sem o amor.

(Silvana Garcia)

Ela bebia uísque, praguejava com frequência e fumava charutos feitos à mão. Ela usava calças sob a saia e uma arma sob o avental. Com um metro e oitenta de altura e duzentos quilos, Mary Fields era uma mulher intimidadora.


Mary morava em Montana, em uma cidade chamada Cascade. Ela era um membro especial da comunidade lá. Todas as escolas fechariam em seu aniversário e, embora as mulheres não pudessem entrar nos salões, ela recebeu permissão especial do prefeito para entrar a qualquer hora e em qualquer bar de sua preferência.


Mas Mary não era de Montana. Ela nasceu escravizada no Tennessee em algum momento no início da década de 1830 e viveu escravizada por mais de trinta anos até que a escravidão fosse abolida. Como uma mulher livre, a vida a levou primeiro para a Flórida para trabalhar para uma família e depois para Ohio quando parte da família se mudou.

Quando Mary tinha 52 anos, sua amiga íntima que morava em Montana adoeceu com pneumonia. Ao saber da notícia, Mary largou tudo e veio cuidar da saúde de sua amiga. Sua amiga logo se recuperou e Mary decidiu ficar em Montana estabelecendo-se em Cascade.

Seu começo em Cascade não foi tranquilo. Para sobreviver, ela primeiro tentou o negócio de restaurantes. Abriu um restaurante, mas não era muito chef. E ela também era muito generosa, nunca se recusando a atender um cliente que não podia pagar. Então o restaurante faliu em um ano.


Mas então, em 1895, quando estava na casa dos sessenta, Mary, ou como “Stagecoach Mary”, como às vezes era chamada porque nunca perdia um dia de trabalho, tornou-se a segunda mulher e a primeira afro-americana a trabalhar como carteiro nos Estados Unidos. conseguiu o emprego porque foi a candidata mais rápida a atrelar seis cavalos.

Por fim, ela se aposentou para administrar uma lavanderia. E babá de todas as crianças da cidade. E ir a jogos de beisebol. E ser amiga de muitos dos habitantes da cidade.

Esta era Mary Fields. Um rebelde, uma lenda. (texto de Vyrginia Fernandes)

Silvana Garcia

Silvana Garcia

Silvana Garcia é uma das fundadoras e administradora da Essencial terapias. É psicóloga com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de São Carlos, especialização em Logoterapia e Análise Transacional, Maestria em novas constelações familiares.

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