Começamos as experiências de constelar o Brasil e seu povo. Uma constelação nunca é de um grupo para ele mesmo. Ela começa a partir de um tema ou de um indivíduo, mas toca a todos e dali se expande em ondas a níveis que não imaginamos.
A conexão com o campo de cura de uma constelação traz as informações do Todo e devolve a cura para o Todo porque estamos TODOS conectados. Podemos estar aqui e outro num outro continente, que receberá o mesmo, como uma antena captando o que foi gerado aqui, se estiver ligado. Quando um grupo de pessoas se reúne, cada qual traz uma nuance de toda sua ancestralidade e capta do campo aquilo que ressona com ele, mas em função do tema da constelação.
Sendo assim, pedimos que se apresentassem representantes para o Brasil, para o povo brasileiro, para os líderes políticos, as riquezas da terra, para o céu, mar e matas. Foi muito interessante: as riquezas, céu, mar e matas protegiam o Brasil de uma forma que nada poderia atingi-lo. Os líderes olhavam com cobiça, mas sequer podiam quebrar a muralha da natureza ao redor do Brasil. Já o povo parecia todo fragmentado em puro sofrimento. O Brasil e sua riqueza natural queriam abraçar o povo, mas este só sofria. Optou-se por dividir o povo em três representantes: para indígenas, descendentes de africanos e de europeus. Primeiro houve como uma tomada do povo indígena pelo Brasil. O descendente de africanos se ajoelhou diante e o descendente do europeu olhava para o Brasil. No final, ficou num bom lugar quando os três olhavam para aquela grandeza que nenhum se atrevia a invadir. As lideranças não chegavam nem perto.
O que compreendemos e sentimos ao final?
Um sentimento de gratidão imenso por viver numa das terras mais abençoadas em riquezas naturais deste planeta. Não precisamos falar de um povo brasileiro como se misturássemos água e óleo. Isso não existe. O que existe são povos diferentes vivendo nesta terra. Na constelação viu-se como os índios se sentiam mais inteiros, os de descendência africana ainda se sentindo excluídos e os de descendência europeia olhando. Não conseguiram receber a força e abraço desta terra. Não se olharam entre si.
Respeitar o diferente de nós e o incluir, para deixá-lo ir. Isso só acontece quando se vê a nossa sombra que ele revela, então ele cumpriu sua missão e só aí ele pode seguir. Daquela bolha saímos, outras virão…
Enquanto não honrarmos o papel que desempenharam coroa portuguesa que viu esta terra como fonte de rendas, como eles foram de outras nações; a monarquia, República, presidentes civis e militares, representantes do “socialismo” que foram sugados por nações que esfolaram seu povo, representantes da oposição destes que se julgam os perfeitos e jogam todo o conhecimento fora crendo que estão limpando o que está contaminado por ideologias criminosas, não sairemos de bolha nenhuma. Cada qual nos mostra partes de nós mesmos. Nossa ambição, nossa culpa, nossa ignorância. Tais desgovernos só sairão quando tiverem cumprido sua missão de nos ensinar não a excluí-los na nossa arrogância, mas a vencermos nossos demônios. E, enquanto nação e mundo, demora-se a ter um bom número de pessoas fora desta bolha a ponto de olharmos para questões muito mais amplas. É mais fácil sofrer, polarizar e acusar do que buscar soluções juntos.
Não buscamos frases, nem recursos, apenas seguimos o campo até os movimentos se estabilizarem. Foi assim. Profundo aprendizado e gratidão, ao final. A terra é a grande. Não é de ninguém. O único que olhou de frente, forte, sem receio foi o representante dos índios. Cada um entenda o que quiser. A constelação é clara.
Repetiremos com outros grupos, talvez surjam outros elementos e nuances e assim vamos abrindo campos de amor, cura e gratidão por vivermos num lugar abençoado por Deus e bonito por natureza. Temos muita sorte e mérito de viver aqui. Quando bater um sentimento de não pertencer, de indignação com o povo e seus líderes, abra os braços para o céu e diga: “Eu vivo aqui e agora num dos lugares mais ricos e belos do mundo. Eu sou abençoado por viver aqui. Eu mereço e sou grato”.
A terra te acolhe de braços abertos. O resto se ajeita.
(Silvana Garcia)