Na natureza há um equilíbrio das coisas. Quando tomamos muito, devemos muito. Por exemplo, uma mulher que “adote” um homem, dando-lhe um curso superior, todo conforto e aceita que ele se embriague ou a traia, está roubando a dignidade deste. Ele não pode fazer outra coisa, senão maltratá-la. Da mesma forma, um homem que tire uma mulher da rua, a transforme numa modelo famosa, também pagará seu preço. Ninguém pode dar ao outro mais do que este possa retribuir. Fere a dignidade do outro como ser humano capaz que é, de conseguir por si. Fere o oculto equilíbrio da natureza.
No caso de países é a mesma coisa. Tiramos tudo de países que tiram o sangue de trabalho escravo infantil, mas também de homens e mulheres no nosso consumismo desesperado para preencher nosso vazio.
Assim chegou a compensação nesta epidemia, parece que os idosos ou mais frágeis foram em troca. Parece que não é o suficiente. Afinal, os velhos já viveram mais que as crianças que devemos ter sacrificado muito por lá.
Tudo que os biólogos, cientistas sociais, economistas falam sobre a pandemia trata da avaliação deles, segundo a expertise deles e está ok. Um constelador olha as ordens do amor. É disto que estou falando aqui.
O desequilíbrio entre dar e receber está sendo observado nesta pandemia. Mas também o pertencimento, quantos excluídos! Quantas crianças mortas para nutrir a voracidade do mundo. E por fim, a hierarquia: a China, tão acusada de ser a causadora desta epidemia é um dos povos mais antigos, até muralhas construiu para se proteger dos ataques por séculos. Não percebeu que o inimigo já estava dentro? O imperialismo é como um gigante dragão serpente que mata a própria cria.
Não há inocentes entre os países. Uns dão. Outros tomam sem medida. Tinha que haver compensação. Como se um anjo guerreiro viesse restaurar o equilíbrio perdido.
Dizem que na África não foi diferente. Guerras internas, escravidão, aí chegou o ocidental espertinho e levou a mão de obra barata e de bandeja para construir a América. Não por acaso, parece que de lá já vieram outras pandemias.
Mas parece que à China devíamos mais.
Será que já podemos dizer: “Está tudo pago”? E ainda assim, sabemos que não é só falar, é agir. Parar de escravizar os outros para saciar nossa “fome de amor” é primordial.
Como a mulher ou homem deve parar de querer salvar o parceiro/a esperando que este pague em afetos o que não recebeu ou reconheceu ter recebido de seus pais, precisamos parar de querer tudo do outro. De consumir o outro. Porque tem retorno. E vai doer, ah isso vai.
(Silvana Garcia)