Dizem: Liberdade e autonomia andam juntas.
Mas também dizem: Você pode tudo, desde que respeite as regras.
Autonomia vem do grego antigo αὐτονομία é uma junção de auto, “de si mesmo” + nomos, “lei”, ou seja, “aquele que estabelece suas próprias leis”.
Quando alguém é capaz de governar sua própria vida a partir de seus próprios meios, valores, vontades ou princípios é autônomo.
Todos somos limitados pelas regras territoriais, do Estado e, parcialmente, pelo grupo social em que estamos inseridos. Podemos governar nossa vida até um certo limite porque sempre haverá heteronomia, a vontade do outro atuando sobre nós.
Além disso, estamos todos sujeitos a regras da natureza. Não devemos construir nossa casa em locais inseguros mesmo tendo direitos legais para isso.
Quando crianças, somos totalmente submetidos a vontade do outro. Desde a barriga da mãe que escolhe se nasceremos ou não e como seremos chamados.
Depois pelas pessoas que nos cuidam e educam. Nosso corpo e mente foram modelados pelos alimentos e exemplos que nos foram dados ou até pela falta deles.
Crescemos condicionados pelo que outros julgaram ser educação.
Nossa percepção é limitada ao que vimos, sentimos, tocamos, logo aprendemos muito pouco da vida em si.
Podemos até crer que somos livres dependendo da narrativa que nos contaram a partir da percepção que nossos “educadores” tinham de nós.
Essas percepções podiam ser fantasiosas ou até mentirosas.
Como crianças, não tínhamos discernimento para avaliar. E adultos somos limitados pela estreiteza de nosso saber.
Quando começamos a descobrir que esse pretenso “auto” não é tão “si mesmo”?
A autonomia só existe a partir de algo gerado pelo esforço interno.
É a conquista de si que nos torna autônomos.
Quanto mais conhecemos, menor a influência do outro sobre nós.
Libertar-se da opinião ou do jugo do outro é estar livre para si, portanto autônomo.
Alguém que quer agradar, está na infância.
Alguém que quer ser aceito está na adolescência.
Só um adulto que busca muito conhecimento de diversas fontes sem preconceito pode desfrutar de relativa autonomia.
Quando vemos pessoas imaturas que se deixam aprisionar, lembremos que já fomos assim, apenas éramos igualmente inconscientes.
Só o conhecimento de si, liberta. Só busca a liberdade quem já sofreu com a falta dela.
(Silvana Garcia)
