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As amarras invisíveis aos céticos

Bem e mal não são subjetivos. Há limites éticos, morais e jurídicos que os definem claramente no nível humano.

Como isso se dá sobre o campo que atuo hoje que é das constelações sistêmicas como meio terapêutico e de desenvolvimento humano.

No nível anímico (psíquico, inconsciente) que é o que observamos nas constelações, ao final não vemos diferenças entre perpetradores e vítimas. Cada qual, a serviço do destino coletivo, proporcionando o salto quântico por meio do encontro entre polaridades opostas. Porém, no nível material tem o limite da pele. Onde termina a minha e começa a do outro. Se ferirmos alguém, há consequências claras. Se passamos desta para melhor (ou pior), elas seguem até serem reconhecidas como dano. E compensadas. Esta é a pior parte. Sem compensação, sem crescimento. Estagnação leva à dor e miséria até que finalmente somos obrigados a olhar para trás e nos perguntar: o que passou despercebido a meus ancestrais que ainda é por mim? O que não foi incluído, visto, compensado?

A grande oportunidade que uma constelação nos traz de forma mais rápida que a terapia tradicional é a oportunidade da dúvida. É uma vantagem, mas também uma porta perigosa de atração àqueles que querem soluções mágicas.

Ouvi de uma pessoa: “Eu queria certezas sobre minha história, entender porque fulano agiu assim e pelo que vi, quando assisti a constelação, é que sairei com mais dúvidas.”

Que bom! E que pena que as pessoas busquem respostas que as aliviem.

Constelação bem feita é pior que filosofia. Você nem sabe mais quem era o mocinho e o bandido, ao final. Apenas, percebe o lado que o congelou.

Traz dúvidas que te levam a crescer.

Não resolve seus problemas. Mostra o quanto eles são maiores do que pensa ou até inexistentes.

Surpreende.

Um bom constelador como qualquer bom profissional é aquele que não para de estudar, que tem tempo e experiência trabalhando consigo e com o outro, que investe muito no que há de melhor para ser melhor.

Não busca trazer alívio nenhum, mas também não precisa ser um carrasco.

Não julga os ancestrais, tão pouco o cliente.

Não vende a ilusão de que a constelação o libera de todos males. Pelo contrário, acompanha a pessoa até onde lhe foi possível ir em sua própria jornada.

Às vezes, uma pessoa que atendi há mais de 10 anos volta. Sei que agora eu posso ir um pouco além com ela, porque eu já fui um pouco além também.

A dúvida é sempre melhor companheira que as certezas.

Fanáticos ou oportunistas da ciência, da religião ou da constelação fazem exatamente o oposto do conhecimento, da fé e da busca ansiosa por ver o que mais precisa ser incluído, visto e compensado.

Criam dogmas. Deturpam o original. Causam danos.

É melhor sempre reconhecer nossos limites, do outro e de qualquer método, do que super valorizar qualquer coisa ou pessoa.

Por que gosto deste método? Porque justamente quando bem conduzido, com pessoas maduras para se entregar dentro de seus limites, é capaz de fazê-las pensar, de soltar amarras invisíveis aos céticos, porém reais no sentir e perceber que quebram paradigmas e certezas vãs.

Nos lembram que bem e mal são conceitos que estão para além das regras de convívio na civilização. Na alma, sempre sabemos o caminho do crescimento e, muitas vezes, seremos um mal para alguém e sofreremos também.

(Silvana Garcia)

Silvana Garcia

Silvana Garcia

Silvana Garcia é uma das fundadoras e administradora da Essencial terapias. É psicóloga com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de São Carlos, especialização em Logoterapia e Análise Transacional, Maestria em novas constelações familiares.

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