Pense num copo com água um pouco suja no qual vamos enchendo continuamente de água limpa até esvaziar toda a sujeira, até ela escorrer toda para fora. Este é o exemplo mais bonito de como devemos agradecer os difíceis na nossa vida, pois são eles que nos empurram para o mais e a busca do melhor em nós e para nós. Nos mostram que nossa água está cheia de impurezas, nos fazem buscar mais e mais a fonte inesgotável de água limpa.
Então nunca entre no: “Fora fulano!” Deixe o fulano lá onde ele está e fazendo da vida dele a dificuldade que ele já é. Ele arrasta muitos com ele, os que ressonam com ele. É bom também, porque você vai vendo o quanto se enganava sobre a ética das pessoas.
Uma boa definição de ética é: aquilo que é bom ou não. Diferente de moral que julga o que é certo ou errado. E isso depende de um contexto histórico e cultural. Ética não. Ou tem ou não. Ou você escolhe o que é bom pra você e que não prejudica o coletivo, ou não.
E quando o fulano está arrasando com tudo e todos, deixe também. Não interfira. É o momento em que se testa sua fé e sua coragem. Não hesite, uma porta se abre só nestes momentos. Uma porta que jamais teríamos força para abrir por nós.
Para isso servem os difíceis, as doenças, as perdas, as injustiças. Há portas que só eles mostram. Mas quem as abre não são eles, nem você. É a força da fé das pessoas de bem. Elas se reconhecem, se unem e movem montanhas sem usar a força. Usam a sabedoria.
Fazem com que todos olhem para as impurezas que carregam no seu próprio copo e não deixam que joguem mais água suja, pelo contrário, buscam mais e mais água cristalina da verdade e da ética.
(Silvana Garcia)