Pode-se educar uma criança para valores, ensinar condutas éticas, comportamentos cooperativos e práticas que moldam atitudes humanitárias.
Mas a virtude, não. Tão pouco o caráter, o temperamento ou gênio de uma pessoa.
Há muitas coisas que identificamos numa criança desde pequena. Certos traços de comportamento que são únicos. Não se parecem com nenhum ancestral, nem parece ter justificativa para tal.
Observamos que uns nascem gritando, outros dormindo. E assim continuam.
O que nos cabe fazer como pais ou educadores? Inspirar. Dar modelos tão positivos que aflore o melhor. A virtude está na essência do ser humano.
Rega-se na esperança que um dia, a partir dos desafios inerentes à vida humana que são o adubo da existência, nasça a flor de lótus no meio do pântano.
Se não olharmos para este potencial e essa realidade possível com fé, deixando a criança nas mãos de qualquer um, aquela cujas virtudes ainda são muito frágeis em sua alma, tenderá para o caminho mais fácil e cômodo dos vícios.
Schopenhauer e Sidarta Gautama, o Buda, diziam que a vida é sofrimento. Penso que a dor é natural, faz parte da vida, mas não é a vida. Vida é o que descobrimos a cada dia.
Descobrimos e construímos. O sofrimento é uma atitude na qual caímos diante da dor, um vitimismo vicioso que espera, não age. Nossa atitude muda tudo. Suporta a dor, mas não a usa como justificativa para sofrer e nos penalizar. Se olharmos para a dor como oportunidade de aflorar virtudes, crescemos em nível de consciência.
A criança que não recebe educação para valores e não tem suas virtudes regadas desde pequena, terá na dor um mestre rígido para aprender a se lapidar.
(Silvana Garcia)