“Diz uma parábola judaica que certo dia a mentira e a verdade se encontraram.
A mentira disse para a verdade:
– Bom dia, dona Verdade.
E a verdade foi conferir se realmente era um bom dia. Olhou para o alto, não viu nuvens de chuva, vários pássaros cantavam e vendo que realmente era um bom dia, respondeu para a mentira:
– Bom dia, dona Mentira.
– Está muito calor hoje, disse a mentira.
E a verdade vendo que a mentira falava a verdade, relaxou.
A mentira então convidou a verdade para se banhar no rio. Despiu-se de suas vestes, pulou na água e disse:
– Venha dona Verdade, a água está uma delícia!
E assim que a verdade, sem duvidar da mentira, tirou suas vestes e mergulhou, a mentira saiu da água e vestiu-se com as roupas da verdade e foi embora.
A verdade por sua vez recusou-se a vestir-se com as vestes da mentira e por não ter do que se envergonhar, saiu nua a caminhar na rua.
E aos olhos de outras pessoas era mais fácil aceitar a mentira vestida de verdade, do que a verdade nua e crua.”
Desejo que em algum momento breve aceitemos a Verdade. Que minhas e suas emoções sejam coerentes com a realidade. Que meus e seus pensamentos sejam coerentes com o que falamos. Que minhas e suas palavras sejam coerentes com nossos atos. Falar a verdade, às vezes, dói tanto para quem fala como para quem ouve. Ver a realidade dos fatos é bem mais difícil do que fantasiar. Ser cada vez mais verdadeiro, transparente, nu e cru é minha esperança para cada ser humano conquistar em algum momento.
A verdade dói e espanta, mas apenas ao que tem algo a esconder ou parecer o que não é. Que algum dia a dúvida inteligente seja nosso mestre, não os “mestres” cheios de certezas. Só sei que pouco sei, mas tudo posso aprender com respeito. Sabendo que o que o outro pode me ensinar e eu a ele também é pouco, ainda assim: Juntos podemos ver mais.
Aos sinceros, que não precisam agradar ninguém, a verdade da alma salta aos olhos e traz leveza, serenidade e paz de espírito a todos que os vêm!
(Silvana Garcia)