Muitas vezes, uma mãe ao se separar, tem o desejo de proteger o filho ou filha do seu ex-marido, pai desta criaça. O mesmo vale para alguns pais, não só mães. E fantasia para este filho ou filha que o ex é uma pessoa boa, apenas o casamento não deu certo. Assim, não cobra pensão, não deixa que o ex preste contas à justiça se não paga, faz a criança ir visitar mesmo que a criança diga que o pai a deixou com a avó, com a namorada, etc. Sempre colocando panos quentes.
É claro que se essa mãe não voltar a ter uma vida feliz só ou acompanhada, a criança na fidelidade à mãe, pode não querer se afastar dela, colocando-se como parceira ou parceiro da mãe para sempre.
Mas, supondo que isso não aconteça e este ex cônjuge se comporte como uma péssima pessoa mesmo, a pior coisa que uma mãe faz é “proteger” esta criança da realidade. Não precisa jamais falar mal, apenas respeitar a criança e as leis. O filho ou filha sabe muito bem o pai e mãe que tem. Para o bem e para o mal. Conhecer é o primeiro passo para escolher não copiar aquele péssimo modelo.
Amor não se compra ou impõe, se conquista com respeito. Não é culpa dos pais o casamento não ter dado certo, mas é responsabilidade de ambos o pai ou mãe que escolheram dar ao filho. Mentir, forçar uma relação tóxica para um filho é responsabilidade daquele que vê que a criança fica infeliz quando tem que visitar o ex-cônjuge.
Há pais que também deixam um filho ser criado por uma mãe problemática e simplesmente usam a desculpa que a lei determinou a guarda dela. Mal sabem o custo psicológico que isso terá na vida desta criança. O máximo de tempo que puder poupar a criança disso é o melhor que pode fazer, ficando mais com ela. A mãe que sabe que o ex é uma pessoa muito complicada, negligente deve sim proteger o filho disso. Não falando mal, mas não fantasiando histórias para o filho. Este filho, cedo ou tarde, saberá a verdade e terá raiva desta mãe. Não confiará nela, nem em ninguém.
A verdade sempre liberta. Apenas descrever os fatos reais, sentir a dor da criança, estar ao lado dela. Não pedir perdão. Não foi um erro o relacionamento, nem ela ter nascido. Não forçar nenhuma relação tóxica ao filho, acreditando que o está poupando da realidade.
O pior, no entanto, é continuar casado numa relação horrível por medo de ter que dividir o filho com o ex. Isso é covardia para com a criança. Os filhos sempre sabem tudo que se tenta esconder deles ou, no mínimo, um dia descobrem.
Não mentir nem para si nem para o filho sobre o ex. Não denegrir a imagem, apenas não fantasiar. Isso é assumir os atos e consequências de ter tido aquele relacionamento e proteger o filho.
(Silvana Garcia)