Se pudéssemos ver as imagens do passado das casas onde vivemos, das terras onde pisamos, quais seriam as memórias registradas nestes locais?
Essa foto é a Praça de Uelzen, localizada na Alemanha. As imagens assombrosas da guerra estão registradas na fotografia.
Quando viajamos para outros países, muitas vezes somos capturados por memórias. Talvez nossos genes guardem as lembranças dos cheiros, das comidas de determinadas regiões. Mas talvez lembrem também dos traumas que nossos ancestrais viveram ali.
Há casas nas quais sofremos muito e não queremos nem voltar a pisar lá. Penso que muitos ancestrais saíram querendo nunca mais voltar a seus países, porém outros podem ter saído com uma imensa tristeza. E nunca conseguiram aceitar aprender uma nova língua. Ou talvez sequer possam ter continuado a poder falar o seu próprio idioma.
Talvez isso explique a dificuldade que alguns tem para aprender determinadas línguas, enquanto outros parecem ter uma incrível necessidade de ir conhecer algum país. Serão memórias ancestrais?
O solo sobre o qual pisamos hoje vivenciou quantas guerras? Quantos mortos estão sob nossos pés? Conseguimos viver bem aqui ou sentimos que não é nosso lar? Saímos pelo mundo como nômades tentando encontrar um lugar, um povo, como se precisássemos matar uma saudade que não é nossa?
As memórias de eventos traumáticos ou de eventos marcantes não se apagam com a morte. Seguem nos descendentes.
A energia gerada por tais eventos segue atuando nos lugares e aqueles que guardam alguma lembrança genética daquele lugar, captam como se fosse aqui e agora. Há lugares que nos chamam e lugares que precisam ficar desabitados por séculos até “esquecer” o que ocorreu ali.
(Silvana Garcia)